O propósito de Deus


O Propósito de Deus (Gn 2: 4 – 25)


Nós cantamos que será extraordinariamente maravilhoso no céu e que como Sua noiva, nós o louvaremos e adoraremos eternamente. Também cantamos do preço que o Senhor pagou por nós. Então pensei no trecho lido. Talvez seja novidade para alguns que aqui o porvir é descrito figuradamente. É maravilhosa realidade na palavra de Deus a apresentação do futuro em figuras desde o princípio. Em Isaias 46: 10 diz: “que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antigüidade as coisas que ainda não sucederam.” Em Genesis 2 encontramos uma descrição clara de nosso futuro, no dia do Senhor e no dia de Deus, como é chamado em 2 Pedro 3, quando o pecado for retirado de toda a criação. Colossenses 1: 19 – 21 descreve o resultado completo da obra do Senhor Jesus. Então todo o mal do universo terá sido levado a um lugar, no lago de fogo, e Deus habitará eternamente na nova terra, no meio dos seus. Ali até as conseqüências do pecado terão sido removidas, e tudo falará da glória de Deus, que Ele deu aos homens. Nós vemos isto neste capítulo profeticamente.
Em Genesis 1 Deus é apresentado como criador em seu poder absoluto, pelo qual Ele executará tudo que determinou em seu conselho, sem obstáculos. Nem o diabo e todos os seus demônios nem a maldade do homem ou o mundo organizado tem condições de impedir o propósito de Deus. Ele irá executar tudo de maneira maravilhosa. É sua perfeição, de usar justamente aquilo que parece impedir seu propósito, para realizar este de maneira mais gloriosa, como se o mal não houvesse existido. Assim vemos em figura o futuro final no segundo capítulo, antes da descrição da queda do homem no capítulo seguinte.
Agora surge primeiramente a pergunta, que nos tem a dizer o capítulo 1. Ali vemos a preparação, e em figura, como Deus executará seu propósito. Os primeiros dois versos nos dão uma breve introdução da queda do homem no capítulo 3: “No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra era [ficou] sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”. Em Isaias 45: 18 diz expressamente que Deus não criou a terra sem forma e vazia: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, (ele é Deus) o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não criando para ser um caos, mas para ser habitada.” Portanto deve ter acontecido algo que destruiu a boa criação de Deus. Eu penso que o motivo está revelado em Ezequiel 28 e Isaias 14: O mais elevado príncipe angelical, a mais elevada criatura, caiu por soberba, como diz 1 Timóteo 3: 6. Por causa da sua glória se ensoberbeceu e queria ser semelhante a Deus. Então Deus precisou julgá-lo. Este é o início do pecado de Satanás, e isto levou ao pecado do homem. Quando a serpente disse a Eva: ‘se vocês comerem disto, vocês serão como Deus’, então Eva comeu para alcançar este lugar. Soberba! Tomar um lugar do qual ela pensava que Deus não o queria dar, apesar de que Deus tinha posto em seu propósito deverem ser semelhantes á figura de Seu Filho: “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8: 29).
Por isto encontramos a descrição em Genesis 1: 2, do estado em que a terra se tornara: vazia e sem forma. Total desordem segundo os pensamentos de Deus, e nada que pudesse considerar bom. Mas então Deus levanta de um precipício vazio e sem forma, onde só reinam trevas, um paraíso. O Espírito de Deus paira sobre as águas. Depois encontramos os sete dias no primeiro capítulo, nos quais Deus realizará sua obra. Podemos dizer tranqüilamente que encontramos toda a história da operação de Deus na consciência e no coração dos homens nos seis primeiros dias. Em figura nos é mostrado como Deus leva homens á conversão e novo nascimento, para que sejam finalmente o que deviam ser segundo seu propósito: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou” (Gn 1: 26 – 28).
No sétimo dia Deus pode então descansar, porque Sua obra está concluída. Não encontramos aqui em figura o final do propósito de Deus? Quando estivermos na casa do Pai, isto estará concluído para nós. Na terra só estará concluído no estado eterno que é descrito em Apocalipse 21: 1 – 8: um novo céu e uma nova terra, onde Deus habita no meio de Seus homens e o tabernáculo de Deus estará com os homens. O tabernáculo de Deus, não encontramos nesta figura. Para ele não havia lugar entre as figuras terrenas. Em Genesis 2 e 3 encontramos Deus falando com Adão e até o visitando, mas o tabernáculo de Deus não encontramos. Porque ele fala da perfeita glória celestial que virá em breve do céu para a terra, a glória em que Deus habitará com os homens. Pois aquele lugar que veremos logo apresentado na figura de Eva, terá este lugar especial, sobre o qual a escritura fala tão precisamente. Ela é ligada como noiva com o Criador tornado Homem, como descrito em Efésios 5: 30, 31 e Genesis 2: 24, que será uma só carne com Ele. Ela terá este lugar especial na nova terra, no estado eterno, pela sua união especial com Ele, o Criador que se tornou homem por amor dela, e que a elevou para Si. Ela irá reinar com Ele na nova criação. Isto encontramos no capítulo 2 a partir do verso 4, depois de relatado o descanso de Deus nos primeiros três versos, após a conclusão da obra.
O Senhor Jesus diz em João 5: 17: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” A partir de Genesis 3 Deus trabalha. Na realidade vemo-lo trabalhar já a partir de Genesis 1: 2. Quando a terra era sem forma e vazia, Deus precisou iniciar o trabalho. Ele começou a preparar a terra para que o homem pudesse habitar nela. Ele preparou tudo em figura como será no porvir. Isto vemos no capítulo 2. Mas isto vai além da obra de Deus como criador. Por isto encontramos aqui no capítulo 2: 4 um novo Nome para Deus: “no dia em que Jeová Deus fez a terra e o céu”. Aqui não é mais só Deus como em Genesis 1. Lá é empregada a palavra hebraica “Elohim”: o Deus triuno como criador, o todo poderoso, que criou tudo pelo poder de sua palavra (Hb 11: 3). Aqui é Jeová Elohim. Nós encontraremos o nome Jeová em Êxodo 3, sob o qual Deus estará ligado a seu povo Israel, a partir do momento em que ele se torna Seu povo junto ao Monte Sinai. Mas aqui em Genesis 2 vemos que Jeová se encontra ligado aos homens como tal, com o será em breve na eternidade, e como o homem, nesta ligação alcançará a glória.
“No dia em que Jeová Deus fez a terra e o céu”. Nós encontramos o significado do nome Jeová expressamente em Êxodo 3, e isto é algo maravilhoso para nós. Moisés pergunta: “Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Jeová, o Deus de vossos pais ... este é o meu nome eternamente” (v. 13 – 15). Portanto o significado do nome é “Eu Sou”. O irmão Darby também traduziu em francês como “o Eterno”, e também Herzberger em sua tradução judaica. Mas a descrição que Deus mesmo dá em Genesis 3 é mais clara. Com vistas ao futuro, encontramos também em Hebreus 13: 8 este novo nome, mas expandido, como em breve será visto na eternidade: “Jesus Cristo [é] o mesmo, ontem e hoje e eternamente”.
Isto não quer dizer que ontem Ele foi, não, Ele sempre é o mesmo, o “Eu Sou”. Encontramos a mesma coisa em Apocalipse 1: 8 com vistas ao juízo que virá, onde Ele se apresenta a si: “Eu sou o Alfa e o Ômega [a primeira e a última letra do alfabeto grego] diz o Senhor, Deus [portanto o mesmo nome que encontramos aqui em Êxodo 2], que é e que era e o que virá, o Todo Poderoso”. E a mesma coisa encontramos em Apocalipse 22: 13 com vista a o fim da palavra de Deus, o fim de Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.” Assim nós O conhecemos. E este significado está contido na expressão: “No dia em que Jeová Deus criou a terra e o céu”.
As bênçãos que serão nossa parte, não são novidade com Deus. Em Tito1: 2 encontramos que Deus, que não pode mentir prometeu a vida eterna antes dos tempos eternos. Então isto foi antes da criação do céu e da terra.  Foi ali que Ele prometeu a vida eterna, ao único a quem podia prometer algo, ao próprio Senhor Jesus. Ele era o cordeiro, conhecido antes da fundação do mundo (1 Pe 1: 20). Isto não foi novidade para Deus! Não há imprevisto para Ele, que anuncia o fim desde o princípio (Is 46: 10). Nada pode acontecer que Ele não saiba. Ele sabia o que Satanás iria tentar, mas isto não mudou seus conselhos. Assim também vemos aqui: Ele é Jeová Elohim, o Eterno, que sempre é o mesmo.
Que maravilhosa consciência para nós, quando chegamos a nos conhecer, e penso que de certa medida é o caso. Quanto mais velho ficamos, mais vemos que não há força em nós, absolutamente nenhuma, pela qual pudéssemos nos guardar. Somos totalmente dependentes de Deus. E então vemos Deus aqui, a força eterna, o imutável, que se une com os fracos. Ele é quem Ele é e quem Ele será. “Pois eu, Jeová, eu não mudo” (Ml 3: 6)! Mesmo assim Ele se une aos fracos, se une a nós depois de estarmos ligados a Ele. Ele se uniu a Adão e Eva antes de terem pecado, mas também depois de se tornarem pecadores, porém de outra forma. Ele não pode ter comunhão imediata com homens pecadores, a não ser se encontrado um meio de remover seus pecados entre Deus e eles, tendo seguido este caminho: pela obra do Senhor Jesus. Assim é com cada um, que confessou seus pecados e sua culpa diante de Deus, e com fé aceitou o Senhor Jesus, tendo recebido o perdão de seus pecados, sendo limpo aos olhos de Deus!
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 Jo 1: 9). Isto é uma verdade para o pecador. E graças a Deus, também uma verdade para nós crentes. O Pai nos purifica dos pecados, que cometemos como crentes, se os confessarmos diante dele, e se afetou pessoas, diante destas também. Este é o caminho pelo qual somos purificados. O resultado para um pecador, encontramos em Hebreus 10: 14: “Pois com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados.” Por toda eternidade Deus não vê um único pecado em nós. Este é o futuro já descrito aqui em Genesis 1 e 2 incluído.
Como é maravilhoso isto, considerando que o homem, logo depois de sua criação como vemos nos capítulos 3 - 7, destruiu tudo. Mas a força do Eterno guardará aqueles que se confiaram a Ele, e concluirá seus propósitos através de toda destruição dos homens. Em breve, a pesar de tudo, receberemos tudo que Ele nos reservou segundo o seu propósito. Pode um Deus todo poderoso dar mais que sua própria parte? “Conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8: 29)? Nós já estamos transportados “para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1: 13) e como Efésios 1: 3 diz, “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo.” A própria parte do Pai e a própria parte do Filho! Mais que isto nem mesmo o Deus todo poderoso pode dar, e isto Ele tem determinado para nós, e, portanto, nós o receberemos!
Eu não digo que encontramos o mais elevado em Genesis 2. Apesar de vermos aqui o princípio, não encontramos a casa do Pai aqui. Esta é a parte especial daqueles que são unidos ao Senhor Jesus neste tempo, os que O aceitaram como seu Senhor e Salvador no tempo de sua rejeição. Por isto dividirão com Ele todas as conseqüências de Sua obra na cruz, onde Ele de tal forma glorificou a Deus como homem. Esta glória Ele nos deu agora (veja Jo 17: 5, 22, 23). Isto ainda não encontramos em Genesis 2, mas está contido nos últimos versos, apesar de se tratar aqui da criação como também no livro de Apocalipse. Também em Apocalipse não encontramos a casa do Pai. Mesmo em Apocalipse 21: 9 – 22: 5, na grande cidade, a santa Jerusalém, se trata da glória da igreja na criação durante o milênio. Aqui não se trata da casa do Pai mas de reinar sobre a terra e o céu criado como também sobre os anjos. Isto também encontramos aqui: “No dia em que Jeová Deus criou terra e céu.”
No verso 7 lemos então: “E formou Jeová Deus o homem do pó da terra”. Observo à parte que a palavra ‘homem’ é traduzida como Adão nos versos 19 – 25 e em alguns outros no hebraico. Quem traduzir a partir do hebraico deverá ter o cuidado de observar quando se trata da pessoa de Adão ou de homens em geral. Mas assim reconhecemos que Adão é o protótipo do homem. Este é um princípio fundamental. Como homem caído, ele é o cabeça de toda a família de homens caídos e pecadores, todos com o seu caráter e sua posição (Gn 5: 3; Rm 5: 15 – 19; 1 Co 15: 46 – 50). Mas em seu estado puro, antes de cair, ele também é figura do Segundo Homem, o último Adão, de quem fala Romanos 5 e 1 Cor 15. Assim vemos aqui em Genesis 2, Adão como figura do homem segundo o conselho de Deus, que não só ocupará a posição, mas também reinará praticamente sobre toda a criação. No fim do capítulo encontramos também a noiva, que irá dividir tudo com Ele. Ela será sua “ajudadora, companheira” (V 18, 20). Ela é dEle: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne” (v. 23). Nós sabemos que Efésios 5: 31, 32 refere este versículo explicitamente a Cristo e a igreja. Mas ela só tem parte nisto porque foi feita um com Ele.
Por isto Deus traz primeiro os animais a Adão, antes de formar e trazer Eva. Mas Deus tinha falado anteriormente: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja semelhante.” (V. 18). E no capítulo 1: 27 – 29 Eva é abençoada em Adão, apesar de,conforme  capítulo 2, ainda não ter estado lá. Também Adão ainda não tinha direito a qualquer coisa que havia de ser sua parte, mesmo depois de ter sido posto no paraíso, ante de Deus dizer: “Eis que vos tenho dado ...” (Gn 1: 29; 2: 16).
Encontramos neste capítulo três grandes compromissos em que Deus colocou o homem. [1] Primeiro o compromisso do homem com Deus, o criador. Isto condiciona obediência absoluta a Deus. [2] Ao lado deste temos o compromisso da mulher com o homem, caracterizado pelo fato de ter saído do homem, determinada como sua auxiliadora, e dada a ele por Deus. [3] Finalmente encontramos o compromisso do homem e da mulher de um lado e do outro as criaturas terrestres, que Deus lhes havia dado. Deus está acima de tudo e o homem é seu representante aqui na terra. A mulher está posta sob a autoridade do homem, os animais sob a autoridade tanto do homem como da mulher. Mas quando o homem fracassou em reconhecer a Deus, a máxima autoridade, o cetro escapou de sua mão e caos e pecado se seguiram tanto no homem como fora dele, na criação. Em vez do espírito controlar a alma e a alma o corpo, a carne controlou a alma. O espírito do homem, pelo qual podia falar com Deus, foi posto de lado e morto! Mas Cristo o segundo Homem, o Homem do céu, irá ostentar um maravilhoso governo sobre a terra a Seu tempo (1 Tm 6: 13 – 16). Exclusivamente a autoridade de Cristo como Filho do Homem assumirá e governará todo o universo!
Por isto também é dito aqui, de que forma Eva surgiu. Ela saiu de Adão e foi unida a Ele, depois que ele assumiu seu lugar de cabeça na criação terrena. Jeová Eloim não deu nome aos animais, mas os trouxe a Adão, para que ele os visse. Então Adão deu nome aos animais segundo seu parecer conforme o caráter de cada animal.
Que percepção ele deve ter tido! E assim os animais também sabiam quem era seu senhor, pois dar nome expressa autoridade. Depois disto Deus formou Eva do lado de Adão e a trouxe para ele. Assim ela foi unida a ele.
Esta não é uma maravilhosa figura de Cristo e sua igreja? DEle, a quem foi dado todo o poder depois de sua obra na cruz (conforme Sua próprias palavras em Mt 28: 18), tanto no céu como na terra? Segundo Salmo 8 (e Hb 2: 5 – 8; Ef 10: 20 – 23) tudo será posto por estrado de seus pés: os animais de toda a terra. (Não podemos pensar então também nos políticos empossados, que segundo Daniel 7 e 8 e Apocalipse 13 são apresentados como animais?) Hebreus 2 acrescenta que o céu também Lhe será sujeito. Sim, em 1 Coríntios 15: 24 – 27 diz que tudo Lhe será sujeito, com exceção daquEle  que Lhe sujeitou todas as coisas: o Deus o Pai. Toda a criação, o céu e a terra com tudo que há neles e sobre eles, será sujeito a Ele, o Filho do Homem. Isto nós vemos aqui em Adão. Mas o Segundo Homem, o último Adão, o Senhor Jesus Cristo irá assumir esta posição.
O primeiro Adão não o pôde. Ele por decisão própria se tornou escravo de Satanás, ao obedecer-lhe tornando-se seu servo (Capítulo 3). Então Deus segundo sua justiça precisou dar-lhe a parte e o futuro de Satanás – um lugar no inferno, o lago de fogo, que foi preparado para Satanás e seus anjos. Todos os descendentes de Adão irão ficar ali por toda a eternidade, todos que decidiram servir a Satanás em vez de ao Deus de toda graça. Só aqueles que abandonaram Satanás, que se converteram e confessaram sua culpa e pecado diante de Deus, e aceitaram o Senhor Jesus como seu Senhor, irão reinar com Ele recebendo tudo por meio dEle o que Deus quis dar ao homem. Ele irá dar ao segundo Homem, ao Homem do céu, o último Adão, que está em figura no primeiro Adão diante de nós. Todos que fazem parte do segundo Adão (1 Co 15: 22, 23, 45 – 50), dividirão todas as bênçãos com Ele. Maravilhoso futuro!
Em Romanos 5: 14 é dito expressamente que Adão é figura daquEle que havia de vir. Não é verdade também para o que diz o verso 7, como Deus criou o homem? Em Genesis 1 diz que Deus formou o homem conforme a imagem de Deus. Em Colossenses 1: 15 e 2 Coríntios 4: 4, é dito claramente que o Senhor Jesus como homem é a imagem de Deus. Não poderia ser dito que o Senhor foi a semelhança de Deus. Isto seria a negação do fato de que Ele mesmo era Deus. Mas em Genesis 2: 7 vemos como Deus criou Adão. Ele formou o corpo de Adão do pó da terra. Depois Ele soprou nas narinas o “fôlego da vida” ou, como talvez se traduziria melhor “sopro do fôlego de vida” (vide Gn 7: 22). E isto não nos lembra o que o Senhor Jesus fez depois de sua ressurreição em João 20: 22? Pelo sopro Adão se tornou alma vivente, assim como os discípulos em João 20: 22 receberam a vida de ressurreição pelo sopro do Senhor. O verso 7 não é figura maravilhosa do fato de que o Criador se tornou homem, apesar de ser e permanecer o eterno Deus? Ele foi “Deus revelado em carne”! O Criador se uniu à fraqueza de sua criatura.
João 1: 3 diz: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” E em Colossenses 1: 16: “pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra.” Ele se tornou homem. “E o Verbo se fez carne, (e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai) ...; O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer” (Jo 1: 14, 18); “Deus foi manifestado em carne” (1 Tm 3: 16). Esta maravilha vemos aqui em figura! Ela nos mostra o que vale para nós. Mas nEle foi em perfeição. Nele, que fala em Hebreus 10: 5 e 7: “Mas um corpo tu me preparaste ... Eis que venho, (no rolo do livro está escrito de mim) para fazer, ó Deus, a tua vontade.” Portanto Ele veio para a terra no corpo que Deus lhe preparou.
Mas vamos ser cuidadosos quando falamos destas coisas tão elevadas e santas. Por isto não podemos dizer que o Pai tenha preparado o corpo para o Senhor. Na carta aos hebreus não encontramos o nome do pai, excluindo-se capítulo 12: 1 – 11 relacionado a disciplina. É Deus, o Deus triuno. Este é o fato maravilhoso, que Ele o criador, Deus o Filho com Deus Pai e Deus o Espírito Santo preparou o corpo, no qual Ele viria como homem, e assim tomar o lugar de submissão. O Filho Unigênito, que está no seio do Pai, revelou Deus. No Homem Cristo Jesus habitou toda a plenitude divina, como Senhor sobre a terra, e agora também na eternidade, depois de estar no céu (Cl 1: 19; 2: 9). Assim Ele pôde dizer: “Quem me viu a mim viu o Pai” (Jo 14: 7 – 11; 3: 34).
Então vemos o corpo daquEle como homem, que nasceu como pequena criança. Vemos Ele, o eterno Filho de Deus, no corpo que foi preparado por Deus, mas que cresceu como qualquer criança. E o nascimento de toda criança não é também um milagre de Deus, que ninguém pode entender? Quem não admirou a perfeição do corpo de uma criança recém nascida? Tudo que um homem precisa ter está completo. Só precisa se desenvolver. Aqui em Genesis 1: 24, 25 e 2: 7 temos a explicação deste mistério. Deus fez a terra produzir animais na forma que Ele queria.
Mas o homem, Ele mesmo formou, também do pó da terra. Seu corpo e tudo que fazia parte dele, também seu cérebro e suas capacidades. Mas para que fosse a figura e semelhança de Deus, Ele lhe deu um espírito e uma alma, que não eram do pó da terra, mas o fôlego de Deus que não pode morrer. Por isto todo homem não deixará de existir eternamente. Também o Senhor Jesus recebeu um corpo humano, uma alma humana e um espírito humano, porque Ele foi um verdadeiro homem. Mas nEle tudo foi perfeição, porque era o próprio Deus revelado em carne.
Aqui no verso 7 vemos uma figura disto. No primeiro Adão vemos um modelo (ou tipo do grego ‘typos’) do último Adão. Este foi verdadeiro homem e também o eterno Deus, e mesmo assim um Cristo! Quando Ele nasceu 4000 anos depois de Adão, Ele se tornou mesmo assim o Primogênito de toda a criação. Os anjos são criaturas mais elevadas e poderosas que os homens. Por isto eles têm uma posição mais elevada na criação do que os homens. Mas quando o Senhor nasceu como homem na terra, Deus mudou a ordem na criação. O Senhor era o criador, e por isto pôde ser sozinho o maior em sua criação.
Depois encontramos ainda a maravilhosa realidade, de que Ele é o primogênito de entre os mortos (Cl 1: 18) e o primogênito dos mortos (Ap 1: 5). Ele que deixou a sepultura, e com isto provou ser a Vida Eterna, e o Filho de Deus em poder (Rm 1:4) se tornou nossa vida. 2 Pedro 1: 4 diz que recebemos a natureza divina. Que maravilha ver isto nesta figura! Em breve seremos semelhantes a Ele, e O veremos como Ele é (Jo 3: 2). Não só seremos semelhantes a Ele exteriormente, a pesar de isto também ser verdade. O Senhor diz em João 17: 23, que quando o mundo nos ver descendo do céu com Ele, dirá: o Pai os amou como amou a Ele. Pois eles vem na mesma glória que o Filho. E Filipensses 3: 21 diz que o Senhor na sua vinda “transformará nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo de sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de subordinar a si todas as coisas.”
Isto também será internamente, mesmo que incompreensível para nós. Como poderíamos jamais ser semelhantes moralmente a Ele? Mas no céu não teremos mais a carne. Ele mesmo é nossa vida. E nossa vida não é semelhante a Ele? Nós temos a vida nEle, não em nós mesmos. Assim seremos totalmente dependentes dEle. Nós também seremos só um reflexo de sua glória.
Então não vemos só a figura dEle como o último Adão, mas o que encontramos em 1 Coríntios 15: 48, 49: “como o (homem) celestial, tais também os celestiais”. No que se refere à nossa nova vida, já somos o que seremos na eternidade. E referente a nosso corpo, só quando o Senhor Jesus vier. Então se iniciará para nós a eternidade, quando sempre permaneceremos os mesmos. Nós Lhe seremos perfeitamente iguais! E disto vemos aqui uma figura, a sombra da nova criação: o homem, formado do pó da terra, mas em seu nariz Ele, que era o verdadeiro Deus e a vida eterna, tinha o sopro do fôlego das vidas. Talvez vocês notaram que eu falei sobre ‘vidas’. No hebraico ‘vida’ está escrito no plural. Desta forma o homem se tornou alma vivente.
“E Jeová Deus plantou um jardim em Éden, da banda do oriente, e pôs nele o homem que havia formado” (V. 8). “Éden” significa: encanto, graça, alegria perfeita. Um cantinho maravilhoso Deus preparou para Adão. Também isto é uma figura de nosso glorioso futuro. O nome “Jardim do Éden” foi traduzido na conhecida Septuaginta (tradução grega do V. T.) como “Paraíso”. Em Lucas 23: 43 o Senhor Jesus chama o lugar onde permanecem os crentes falecidos até sua ressurreição de Paraíso. O apóstolo Paulo, até onde sabemos, foi o único homem vivo na terra, que esteve lá. Ele conta um pouco disso em 2 Coríntios 12: 2 – 4. Mas ele não podia contar o que ouviu ali. Mas a conseqüência foi que em Filipenses 1: 21 – 23 ele escreveu que, morrer é lucro e que tinha desejo de partir e estar com Cristo no paraíso. Que lugar maravilhoso deve ser este!
Em Apocalipse 2: 7 o Senhor Jesus fala á igreja de Éfeso: “Ao vencedor dar-lhe-ei de comer da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.” Esta árvore da vida, que estava no Jardim do Éden encontramos novamente em Apocalipse 22: 2, na santa cidade de Jerusalém, a igreja glorificada no milênio. Quando meditamos sobre a glória desta cidade, como descrita em Apocalipse 21: 9 – 22: 5, então só podemos adorar a graça que nos preparou isto, diante da qual precisamos pessoalmente nos humilhar pelas nossas fraquezas e infidelidade em resposta à graça e bondade do Pai, do Filho e do Espírito Santo! Se acompanharmos toda a história da igreja e meditarmos na sua responsabilidade na terra, só podemos dizer que a misericórdia e bondade foi muito além da nossa compreensão. Mas não é sempre assim, quando meditamos no amor, na bondade e misericórdia do Deus triuno? Só podemos entender se confessarmos que em Deus tudo é infinito. Nisto nós homens não podemos penetrar, mas só adorar!
Eu não tenho dúvida que a terra em Genesis 2 é figura da terra em seu estado eterno, que encontramos descrito em Apocalipse 21: 1 – 8; mesmo sendo a descrição da glória da igreja no milênio em Apocalipse 21: 9 – 22: 5. Para a igreja esta glória é eterna, a pesar de que aqui esta glória é vista em relação à terra no milênio. Na palavra de Deus adquirimos a impressão, de que em Gn 2 não só temos uma imagem da criação em seu futuro estado eterno, mas também no milênio, à medida que são vistas as maravilhosas conseqüências do governo do Senhor Jesus (e nós com Ele) sobre a terra. A santa cidade Jerusalém – como vimos, a igreja glorificada – será a fonte celestial, da qual descerá a benção do governo do Filho do Homem para esta terra. Logo também veremos isto nos rios que correm do jardim do Éden para partes da terra.
Na nova terra não haverá mais o mar, pois o mar é figura de inquietude, de variação e da falta de estado organizado. Isto não haverá na nova terra, e de certa forma também não no milênio. No futuro estado eterno os resultados da maravilhosa obra do Senhor Jesus na cruz, se tornarão realidade completa. Tudo na criação estará reconciliado com Deus e portanto em perfeita harmonia com Ele (Cl 1: 19 – 21). O Diabo e seus anjos, todos os descrentes, e tudo que se opõe a Deus estará fechado naquele um lugar, o lago de fogo, e permanecerão ali eternamente sob juízo. Nunca mais algo sairá de lá. Assim Deus poderá habitar no meio dos homens, todos renascidos e glorificados, de forma que nunca mais pecarão, mas servirão a Deus de forma perfeita. Então não haverá alteração em toda a eternidade. Tudo estará em perfeita conformidade com Deus, tudo correspondente a Deus. Genesis 2 só pode ser uma fraca figura desta glória, pois as maravilhosas conseqüências da obra do Senhor Jesus e também de seu governo não puderam transparecer ali. O puro primeiro Adão só pode ser uma fraca figura do último Adão, o segundo Homem.
Então nós vemos nos versos de 9 em diante, a descrição do jardim do Éden, o paraíso. “E Jeová Deus fez brotar do solo toda sorte de árvores agradável à vista e boa para alimento; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.” Esta última árvore não existirá na nova terra. Ela não será mais necessária. O homem puro conhecia o bem em Deus e em tudo que o criador tinha feito por ele. Mas o mal ele não conhecia. Assim ele não podia ter verdadeira comunhão com Deus, porque Deus é santo. Santo significa conhecer o bem e o mal, mas de íntima convicção, e ter a vontade íntima, de fazer somente o bem e não ter nenhuma ligação com o mal. Para isto uma criatura não tem força em si. O mais elevado e poderoso príncipe dos anjos ficou orgulhoso da sua glória (que tinha recebido do criador) e quis ser igual a Deus. Então Deus precisou rejeitá-lo e o eliminará eternamente de sua presença (Ez 28: 11 ... ;Ap 20: 10).
Então Deus precisou seguir outro caminho com o homem, querendo executar seu propósito, um caminho no qual o homem que conheceu o mal e o faria, por ser fraco diante do poder e da astucia do príncipe angelical caído. Mas o criador mesmo queria dar uma resposta, que não só fosse suficiente para dar ao homem aquele lugar, que lhe quis dar, mas que além disso desse uma razão justa a Deus para dar ao pequeno homem um lugar muito acima dos mais poderosos anjos. Neste caminho Deus seria perfeitamente revelado -, que Ele é infinito amor, mas também infinita luz, em que não há trevas alguma, com isto perfeitamente santo, que não pode ter nenhum contato com o mal. Assim Deus, o Filho, o criador do universo se tornou Homem realizando tudo que para isto era necessário. Sim, Ele, que é a própria fonte da vida, entrou na morte para isto, pregado na cruz por suas próprias pequenas criaturas; Ele tinha vindo para salvá-las, e dar-lhes toda a glória que o Pai tinha em seu propósito.
Adão e Eva não conheciam o pecado antes da queda. Mas depois de terem conhecido o pecado no capítulo 3, tornaram-se pecadores com os quais Deus não podia ter nenhuma comunhão, nem lhes dar qualquer promessa. Pelas conseqüências do pecado conheceram o quão terrível ele é. A cruz de Cristo revelou toda a ira de um Santo Deus contra o pecado e sua aversão contra o mesmo, mas ao mesmo tempo o infinito amor e bondade de Deus. Na nova terra e na casa do Pai todos serão santos. Os homens ali conheceram o pecado em si mesmos e aprenderam a odiá-lo. Pela vida divina que receberam pelo novo nascimento odeiam o pecado e não podem mais pecar. Então a arvore do conhecimento do bem e do mal não estará mais ali.
Mas a arvore da vida encontramos novamente em Apocalipse 2: 7. O vencedor em Éfeso, que não deixou o seu primeiro amor ao Senhor, comerá dela no paraíso de Deus. Em Apocalipse 22: 2 encontramos a realização. Na igreja glorificada, na santa Jerusalém, está a árvore da vida, “que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês”. Cristo é a árvore da vida, Ele é a fonte de toda a vida, e nós o recebemos como nossa vida. Mas o Senhor diz em João 6: 54, 56, que nós recebemos a nova vida pelo comer do Cristo morto, e também depois precisamos comer do Cristo Morto, para permanecermos nEle. Nós recebemos a vida eterna e a teremos por toda a eternidade. Mas a temos em dependência e precisamos comer constantemente dEle, que é a árvore da vida. Mas como vimos em Apocalipse 22: 2, há fruto constantemente, que podemos comer. Assim como a árvore da vida estava no centro do Jardim do Éden, assim também será na igreja glorificada. A palavra de Deus destaca: “No meio da sua praça, e de ambos os lados do rio, estava a árvore da vida”. Não haverá nenhum lugar na cidade onde não esteja a árvore da vida!
Também encontramos o constante comer para nosso tempo figurado no sacrifício pacífico (ou de ação de graças). A gordura do sacrifício de ação de graças é chamado de alimento do Senhor em Levítico 3: 11 e 16. E do restante os sacerdotes podiam comer e todo o limpo do povo. Portanto podemos nos alimentar daquilo que Deus chama de seu pão, seu alimento, do que fala do Senhor Jesus em sua obra na cruz, pelo qual viemos a ter comunhão com Deus. Assim também será na eternidade. A água da vida temos em João 4 e 7. Em João 4 encontramos uma fonte (chafariz) que agora jorra (ou salta) em nós até a vida eterna. E o que encontramos em João 7, se refere também ao tempo presente: “ ... do seu interior correrão rios de água viva” (V. 38). A água viva é a palavra de Deus, vivificada pelo Espírito Santo. Na eternidade não teremos mais a necessidade da palavra de Deus escrita. Pois teremos de imediato Ele, que é a palavra de Deus: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1: 1). NEle Deus está absolutamente revelado. Sim Ele é “Deus revelado em carne” (1 Tm 3: 16). E no poder do Espírito Santo nós veremos sua glória, como já disse em 1 Jo 3: 2: “assim como é o veremos”. E assim conheceremos Deus nEle e veremos a perfeição de Deus. Alimentaremos e refrescaremos os nossos corações todo o tempo neste maravilhoso conhecimento de sua pessoa, que em si mesmo é Deus.
Então vemos nos versos 10 – 14 o rio, que também encontramos em Ezequiel 47 e em Apocalipse 22. Aqui ele é figura do que o futuro trará, e também parcialmente no milênio de paz aqui na terra: “E saía um rio do Éden para regar o jardim”. Em Ezequiel 47 o rio sai da casa de Deus para a Jerusalém terrena. Ele vem do lado sul do altar. Ali são oferecidos os sacrifícios pacífico, o holocausto e a oferta de manjares, de cheiro agradável para o Senhor. Estes sacrifícios são figura da obra e vida do segundo homem na terra, o último Adão: a oferta de manjares da sua maravilhosa vida, em que fazer a vontade daquele que o enviou, para realizar a sua obra era seu alimento (Jo 4: 34), e o sacrifício pacífico de sua obra na cruz. A gordura deste sacrifício é chamado de alimento do Senhor em Levítico 3, e o restante deste sacrifício servia de alimento para todo aquele que pertencia ao povo de Deus, desde que estivesse limpo. Este sacrifício é figura da comunhão da participação do Senhor (Jeová) com suas criaturas na obra do Senhor Jesus na cruz (Lv 3: 11, 16; 7: 19b). E o holocausto fala da obra do Senhor Jesus na cruz, onde Deus foi glorificado acima de tudo. Assim o rio é a corrente da vida e da benção, que corre para a terra, como conseqüência da obra do Senhor Jesus na cruz. Ele elimina todas as conseqüências do juízo de Deus, as águas do mar morto são saradas.
Mas na santa cidade Jerusalém o rio sai do trono de Deus e do Cordeiro. Ali não é preciso eliminar conseqüências do juízo de Deus, mas o rio traz uma corrente de bênçãos para toda a cidade. É água viva. De João 4 e 7 sabemos de que é figura, a água viva: da palavra de Deus, vivificada pelo Espírito Santo. Eu não tenho dúvida de que não teremos mais a Bíblia, a palavra de Deus escrita no céu. Mas nós sempre veremos a Ele, a palavra de Deus (verbo) tornada carne (Jo 1: 1, 14), - nós veremos Ele no poder do Espírito Santo, assim como Ele é (1 Jo 3: 2). E este rio da benção sai do trono de Deus, do assento do criador todo poderoso. Mas aqui este trono é chamado de “trono de Deus e do Cordeiro” (= arnion, isto é o diminutivo de amnos = cordeiro). Este diminutivo (cordeirinho) é usado em todo lugar no Apocalipse para o Senhor Jesus. Assim o mundo O vê: um sacrifício indefeso (Is 53: 7). Mas no entanto Ele se assentou com o Pai em seu trono. E em breve Ele, o último Adão, o Filho do Homem (do qual o primeiro Adão foi figura) reinará com absoluto poder sobre toda a criação. De seu poder fluirá benção perfeita sobre toda a criação. Que tempo maravilhoso será este!
É notável que Genesis 2: 10 diz que o rio se divide em quatro rios fora do jardim do Éden! Isto não indica, que o que é dito destes quatro rios, se refere exclusivamente à terra? “O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro.” Ouro na palavra de Deus é figura da glória e justiça divina. O rio do Paraíso trará até para a terra, glória e justiça divina, onde estão as conseqüências do pecado, de forma que também poderá ser visto ali. Sim, também agora é encontrado ouro divino. Até em um mundo que só teve uma cruz e uma sepultura para o Senhor Jesus, é encontrada a glória e justiça de Deus.
Isto também vemos em Números no deserto, onde o ouro do tabernáculo era encontrado em tão grande abundancia. Primeiro, onde está o ouro puro, nos utensílios, que são figura do próprio Senhor Jesus, como o altar de ouro, e na mesa do pão da proposição e na arca do conserto. Mas também ouro onde não diz ‘puro’, portanto que não é totalmente puro, com nas tábuas e colunas. Estes falam do que fomos feitos: Justiça e glória de Deus nEle. Nós, no que se refere à nossa nova vida, vestidos com a glória de Deus, mesmo que em fraqueza, e não em perfeição como foi o Senhor Jesus. A expressão: “Ninguém jamais viu a Deus,” está escrito duas vezes no novo testamento. A Primeira vez em João 1: 18, e ali está a resposta: “O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer.” A segunda vez encontramos a expressão em 1 João 4: 12, e lá temos a resposta: “se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor.” À medida que a nova vida é revelada em nós, Deus será visto em nossa vida prática! Aqui encontramos o ouro, até no meio do mundo.
O verso 12 diz então: “e o ouro dessa terra é bom: ali há o bdélio, e a pedra de berilo [ou ônix]”. Isto de certa forma é a mesma coisa que vimos sobre o ouro. Nas vestes sacerdotais em Êxodo 28 vemos que o sumo sacerdote precisava levar duas pedras de ônix sobre os ombros. Ali estavam gravados os nomes dos filhos de Israel segundo a ordem de nascimento. De Apocalipse 4: 3, sabemos que pedras preciosas falam da glória de Deus á medida que podem ser vistas por criaturas. Nas pedras de ônix, portanto, vemos a glória de Deus, como veio em nós na nova vida do novo nascimento. Nas pedras de ônix sobre os ombros do sumo sacerdote (Êxodo 28) apoiado no grande poder do Sumo Sacerdote, pelo que nenhum renascido pode cair completamente [se perder].
Toda a glória de Deus jamais será vista em nós, enquanto estivermos na terra, nem mesmo em todos os crentes juntos. Também não poderíamos vê-la porque é grande demais e maravilhosa demais. Para isto é preciso a eternidade, se acaso for possível de nossos corações poderem captar tudo isto, nós que somos criaturas, que eu não acredito. Para isto a glória de Deus é grande demais. Mesmo assim as pedras preciosas revelarão, ali, em perfeição toda a glória de Deus. Também nós expressaremos ali esta glória em perfeição, até onde isto é possível por criaturas, a pesar de sermos glorificados e semelhantes ao Senhor Jesus. Não brilhará tudo como ouro na casa do Pai, sim, até na nova terra? Não será revelada ali toda a glória de Deus, até onde isto é possível pela criação?
A nova criação, a nova terra, não será a completa revelação da glória de Deus, no que os homens serão ali, todos renascidos? E a glória não será vista também no que a criação passou a ser pelo poder recuperador do criador, do Senhor Jesus? Tudo testemunhará de sua glória, tudo revelará sua glória. Ali serão visto o ouro e as pedras preciosas, que revelam a sua glória. Assim já é em parte como Salmo 19 diz: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite anuncia à outra noite a respeito. Não há fala nem palavras mas se ouve a sua voz.” Toda criação dá testemunho da glória do criador. Nisto também é vista a sua glória pessoal. Não é assim, que o caráter de um artista pode ser visto em sua obra, desde que não seja hipócrita? É praticamente impossível não revelar o caráter. Nós vemos o caráter de uma pessoa naquilo que ela desenha, que ela pinta ou que escreve. Assim também não pode ser diferente com Ele, que é a palavra de Deus, portanto a perfeita revelação de Deus. Cada uma de suas palavras, cada um de seus atos é a revelação da glória de Deus.
O nome do segundo rio é  Giom. Este nome aparece alem daqui também em 1 Reis 1: 33, 38; 2 Crônicas 32: 30 e 33: 14. Mas nestes não é nome de um rio. O significado deste nome é: o rompedor. Ele rodeia toda a terra de Cuche (= negro). Segundo Genesis 10: 6, Cuche é o primeiro filho de Cão, o filho maldito de Noé. Cuche normalmente é traduzido como Etiópia no velho testamento. Mas de Genesis 10: 8 – 12 sabemos que o único filho citado de Cuche é Ninrode. Este edificou Babel. Ele estendeu a mão ao poder dominante, que Deus não lhe havia dado. Ele é o início da tendência humana, de subjugar seus semelhantes sem Deus, sim, contra Deus. O primeiro império surgiu de sua iniciativa. O caráter de Babel também parece ser o caráter do último império, como vemos descrito em Apocalipse 17: 3 – 6 e em todo o capítulo 18.
Mas quando o Senhor Jesus vier como Filho do Homem do céu, ele não virá como criancinha, que precisou fugir do poder do império romano (Mt 2: 13 – 18). Agora ele virá como a Palavra (Verbo) de Deus, e com a espada de sua boca aniquilará num instante todo o poder do recuperado império romano (Ap 19: 11 – 21). Mas antes Ele deixará destruir o poder espiritual pervertido que Roma dominou pelo poder militar de Roma (Ap 17: 15 – 18). Tudo que se opõe a Ele será abatido instantaneamente!
O nome do terceiro rio é Hidequel. Este nome volta a aparecer em Daniel 10: 4, onde é o nome de um grande rio. Seu significado é: velocidade de flecha, curso rápido. Isto não indica a velocidade com que a benção virá sobre a criação, assim que o Senhor Jesus tiver tomado posse do reino? Segundo Daniel 7: 25, Apocalipse 11: 2, 3; 12: 6, 14; 13: 5 e Daniel 12: 11, 12 todos os grandes inimigos serão destruídos em 75 dias, portanto em dois e meio meses, depois que o Senhor Jesus tiver vindo à terra.
 O Hidequel se dirige ao oriente da Assíria. Nós vimos em Genesis 10: 10 – 12, que a Assíria surgiu da terra de Babel. Esta cidade deu nome a um poderoso império (Assírio), um poderoso inimigo de Israel antes do cativeiro babilônio. A Assíria levou cativo as dez tribos de Israel da terra dada por Deus. E nos últimos anos antes do milênio voltará a ser grande e poderoso e grande inimigo de Israel (Is 7: 17 – 20; 10: 12). Mas o Senhor o destruirá num instante (Is 30: 31).
Extraído do livro: DA PALAVRA DA VERDADE volume 1
Editora  Heijkoop-Verlag  Alemanha
Tradução  Werner Klaes