Quem sou eu

Um breve relato de minha história


Para contar a minha história é preciso falar inicialmente da origem de minha família.

Já no século 19 meu bisavô Haiden, do lado paterno, se identificou com o assim chamado "Movimento Dos Irmãos" na Europa, que se caracterizava em sair do arraial cristão, em busca da sã doutrina, caminho seguido pelos meus avós paternos.

Já do lado materno, Meu avô Paul Rabe e família, também seguiram em comunhão com irmãos do "Movimento". Este meu avô não quis se submeter aos nazistas, quando foi proibida a reunião dos irmãos durante a segunda guerra, de forma isolada mas só em conjunto no assim chamado ”Bund” que traduzido significa União. Esse Bund era uma organização religiosa estabelecida e vigiada pelos nazistas, e dela participavam todos os tipos de correntes religiosas cristãs ou não. Como consequência meu avô não aceitou se misturar com eles, reunindo-se á parte e consequentemente foi preso e condenado à morte. Felizmente ele escapou de ser executado porque os nazistas perderam a guerra, quando outros irmãos não tiveram a mesma sorte.

Meu avô paterno veio para o Brasil com sua família logo depois da primeira grande guerra. Chegando aqui começou a se reunir com outros irmãos dos quais só conheci o irmão Eugen Heidschen e sua esposa Adele, já com idade bastante avançada..

Pouco antes do início da segunda guerra resolveu voltar para a Alemanha, apesar de meu tio, irmão de meu pai, ter advertido para não ir, pois haveria guerra. Mesmo assim Ele foi e perdeu tudo o que tinha.

No fim da guerra ele voltou para o Brasil e tornou a se reunir com os irmãos aqui em São Paulo. Lembro bem ainda quando íamos todos os domingos para a congregação, para partir o pão e ouvir a palavra ministrada geralmente pelos mais idosos. Eu ainda criança ficava na escolinha dominical ouvindo as histórias de Daví, Sansão, Noé, etc.

Reuníamos no bairro de Jabaquara na rua Camundó, na casa do irmão Erwin Scharf. Éramos em torno de nove ou dez famílias. Mais tarde, na minha adolescência as reuniões foram transferidas para a casa de meus pais. As reuniões eram em alemão porque alguns não dominavam bem a língua portuguesa. A palavra era ministrada mais pelo meu avô e mais tarde pelo meu pai e um ou outro irmão.

Alguns anos antes da partida de meu pai, ele começou a incentivar a construção de um salão para reuniões e evangelização em português, que resultou mais tarde na construção do prédio hoje localizado na rua Arlindo Bétio em Diadema, São Paulo. Infelizmente ele não chegou a ver seu sonho realizado.

Quando meu pai ainda era vivo, pedi para tomar meu lugar à mesa de comunhão. Os irmãos me perguntaram porque, então respondi: “Quando o Pão e o cálice passavam na minha frente, parecia o Senhor estar olhando para mim, perguntando: porque você não está junto”. Imediatamente fui aceito na comunhão.

Após a morte de meu pai, me senti impelido a me preocupar com o bem da congregação, vendo uma certa fraqueza por parte dos demais irmãos, pois quem mais ministrava a palavra era meu pai, enquanto os demais irmãos mais ouviam e raramente participavam.

Gostava de ouvir o irmão Dieter, pai do irmão Peter e também do irmão Frederico Roese quando nos visitava (ele era de Eldorado SP).

Quando recebíamos visitas de irmãos da Alemanha era um refrigério.

Lembro dos irmãos Kinbaum e Onkel Adolf na minha juventude, mais tarde Walter Runkel e Ernst Werner. entre outros.

Hoje tenho quase 60 anos de exercício e experiência no meio dos irmãos. Conheço razoavelmente a história desde o início do movimento. Sofri quedas e restauração, e uma vez quase naufraguei na fé. Encaixotei minha bíblia e toda a literatura cristã dos irmãos e joguei no sótão de casa. Senti um vazio muito grande no coração. Então despertei. O Senhor Jesus não merecia isso da minha parte e voltei atrás.

Nasci e me criei no meio dos irmãos e logo percebo quando algo soa estranho à sã doutrina defendida pelos irmãos. Ainda preciso ser aperfeiçoado e crescer mais. Acho que sou demais Pedro e logo quero puxar a espada. Preferia ser mais João.

Ao longo desses quase 60 anos conheci Paulos, Pedros, Timóteos, Titos, Judas mas também Alexandres Latoeiros e Diótrefes, Fariseus e escribas doutores da lei. Conheci coríntios, gálatas, bereanos, efésios. Conheci Sardes, Filadélfia e Laodicéia.

Busquei lutar o bom combate. Para mim o viver é Cristo e sua causa.

O morrer é lucro, pois espero pela vinda do meu Redentor, para estar para sempre diante de sua face.

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